Memorial

HOMENAGEM AOS PROFESSORES, PARCEIROS DO PROGRAMA PARUBEM

Meu nome é Edilaêni Regina Alves de Souza, e há doze anos leciono.

Desde de pequena ensaiava ser professora e quando fiz o segundo grau já sabia o que queria.

Fiz o magistério na Escola Municipal São Cristovão, foi a base para minha formação profissional.

Em 1986 formei e logo fiz o concurso na Prefeitura de Belo Horizonte e assumi o cargo em 1988.

Sempre trabalhei na Escola Municipal José Maria Alkmim e nela vivenciei todos as mudanças e movimentos ocorridos com a implantação da escola plural.

No início aceitar a escola plural foi complicado para todos.

Mesmo eu estando de acordo com a linha de pensamento proposto nesse projeto, tive dificuldades. Estava acostumada cultu-ralmente com uma linha de trabalho tradicional, onde os velhos hábitos e o autoritarismo estavam quase sempre presentes.

Com a escola plural, várias polémicas surgiram por parte dos professores, comunidade e alunos, principalmente no que diz respeito a nota e reprovação, que deixaram de fazer parte do contexto escolar. Nesse momento vivenciei momentos de dúvidas e angústia, aceitar o novo, adaptar às novas exigências impostas, não foi fácil.

Hoje a escola plural é uma realidade. Acredito nesse projeto, mas acho que ele não está acabado e sim sendo construído. Muitas questões devem ser discutidas e o processo deve ser constantemente avaliado. Acho que enquanto houver espaços na es-cola para discussão e reflexão, as possibilidades de acertos serão maiores.

Já trabalhei com crianças , adolescentes e adultos.

Trabalhar com crianças para mim é importante porque elas, na maioria das vezes, expressam com sinceridade seus sentimen-tos. E a relação professor-aluno torna-se mais rica, pois envolve muito mais afetividade.

Adoro trabalhar com o adolescente, ele é mais crítico, está sempre questionando, acho importante valorizar o lado crítico do aluno, dá abertura para que ele expresse seus pensamentos, mesmo que não esteja correto, ele deve ser ouvido. A partir de questionamentos surgem as discursões e essas poderão favorecer formação do indivíduo enquanto cidadão.

O trabalho com adulto é relevante pela valorização consciente que é dado pelo aluno à escola e ao professor. Na busca de se recuperar o tempo perdido, o aluno tenta aproveitar o máximo da aula.

E eu tive a oportunidade de trabalhar com adultos na suplência.

Foi uma das experiências que vivenciei e considero marcante na minha vida profissional. Logo que a prefeitura lançou o proje-to suplência, a escola onde eu trabalho abraçou a idéia e tive a oportunidade de lecionar durante três anos.

Esse período foi valioso para mim porque pude ajudar as pessoas e adquirir grande experiência de vida.

O trabalho realizado, partia na maioria das vezes da necessidade da turma de aprender a escrever o nome, ter uma carteira de identidade, poder votar, de conhecer o número da linha dos ônibus ....

Os textos trabalhados eram elaborados sempre a partir das vivências e experiências dos alunos.

A turma tinha de 23 a 76 anos de idade e a relação estabelecida entre professor-aluno foi de muito carinho e respeito.

Em 1989, fui cursar Geografia na UFMG, no Instituto de Geociências , foram longos períodos de trabalho e estudo.

Atualmente eu trabalho com o segundo e terceiro ciclo, e até os dias de hoje, apesar de 12 anos de experiência ,acho que a ca-da ano me deparo com uma nova realidade. Tento renovar, encontrar respostas para as minhas dúvidas, refletir sobre cada mo-mento vivenciado, acho que esse é o caminho.

JANEIRO DE 2000

Edilaêni Regina Alves de Souza.

PROFESSORA DA ESCOLA MUNICIPAL JOSÉ MARIA ALKIMIM - VENDA NOVA - BELO HORIZONTE - MG